segunda-feira, 30 de maio de 2011

O europeu




Em 12 de Junho de 1985 Portugal foi oficialmente admitido na Comunidade Económica Europeia (CEE), posteriormente Comunidade Europeia (CE) e finalmente União Europeia, com a assinatura da adesão a decorrer com pompa e circunstância no mosteiro do Jerónimos assim sendo comemoraram-se, em 2010, 25 anos da entrada de Portugal na associação de países que hoje formam a Europa Unida sonhada (enfim…) por Robert Schuman e Jean Monet quando propuseram a assinatura do tratado que originou, em 1951, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) a que aderiram seis países (França, Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo) dando origem a uma original comunidade de países numa Europa ainda dilacerada pela II Grande Guerra 1939/45. Na origem da CECA está a Autoridade Internacional para o Ruhr (AIR), uma entidade criada em 1949 pelos países acima referidos (menos a Itália e a Alemanha e com o Estados Unidos) visando esta entidade o controle da indústria do carvão e do aço no vale do Ruhr do pós-guerra, tendo a AIR sido integrada na CECA em 1951 pelo Tratado de Paris. Posteriormente, em 1957 os países da CECA e a Itália assinam o Tratado de Roma que institui a CEE, origem da actual União Europeia.

Naquele dia 12 de Junho assisti pela televisão à assinatura da formalização pelo Dr. Mário Soares e senti-me vaidoso, afinal tínhamos conseguido ser europeus à séria e tudo ia melhorar por cá íamos ser iguais aos franceses ou aos alemães, ganhar o mesmo que eles, comprar carros fantásticos ao preço da chuva, extraordinário, tudo ia mudar !!! Mesmo aquela coisa da senhora Teresa Ter-Minassien ter cá vindo, uns anitos antes, em nome do FMI negociar um empréstimo de 750 milhões de dólares já era, agora na CEE é que ia ser, é verdade a senhora Minassien fez para lá umas coisas e tiraram-nos o subsídio de férias (naquele ano…), tudo ficou mais caro a vida ficou mais difícil durante um tempo mas quem é que se importava com isso se já éramos europeus ? Fomos andando cantando e rindo (onde é que já ouvi isto…?) até que num Maio solarengo a convidar à modorra zás !!!! Aí estão eles outra vez desta vez em trio, a senhora Minassien deve estar já com uma pequenina reforma numa casinha de três assoalhadas ali para os lados da Brandoa e não pôde vir, mas vieram cá aqueles tipos que adoram sandes de fiambre e que afinal não são três mas sim quatro (Jürgen Kröger, Rasmus Rüffer, Poul Thomsen e Massimo Suardi), esta amável visita levou, pelo que sabemos, ao empréstimo de 78 mil milhões de euros e quem empresta uma quantiazinha destas quer garantias - os homens trataram de fazer um programa de governo e disseram que ou a gente se porta bem ou na próxima visita vão explicar que as massas não são para nomear boys ou criar institutos e fundações ou ainda fazer um favorzinho a uma qualquer corporação pressionante – puseram ao documento de dívida (lembram-se daquelas letras que a gente assinava para comprar um carrito?) o delicado nome de memorando de entendimento e agora além de todos termos de pagar o dinheirito alguém terá de gerir o tal memorando de entendimento caso contrário vêm cá buscar-nos os carros, os plasmas, os psichés, os cromo níqueis, etc., etc., eu cá por mim já pus tudo em nome de um primo meu que é taxista no Burkina Faso, pelo menos quando me aparecerem cá em casa os tipos das cobranças nada daquilo é meu, só uso enquanto o meu primo andar lá fora a fazer pela vida. Ora esse alguém anda por aí nas ruas segundo parece a esclarecer o povo das suas propostas para governar Portugal nos próximos tempos, ou devia andar a fazer isso… O que temos visto é uns senhores roucos que se vão entretendo a dizer mal uns dos outros, jogando um jogo de estratégias e de enganos e a fazer apelos aos votos aqui ou ali, falar do que aí vem é que nem pensar que a coisa é incómoda e lá se vão os papelinhos que querem que as pessoas metam nas urnas (um nome a condizer com os tempos que atravessamos) todos querem o bem dos portugueses, todos defendem o Estado social, todos são paladinos da verdade, mas nenhum falou das exigências a que o documento obriga nem dos timings em que essas exigências têm de ser cumpridas, nem do que vai acontecer ao comum dos mortais nem de nada, sobre Portugal disseram nada. Parece que nos enganamos todos de país e afinal Portugal é um pingo minúsculo no mapa da Europa bem longe de nós, daqueles que a gente ouve falar nos telejornais e até nem sabe muito bem onde são. Também afinal não tenho de me admirar, a coisa está feita, pouparam um trabalhão aos políticos que de outra maneira iam ter de inventar um programa que ninguém lê e assim é aquilo e ponto final, a dúvida é como é que vai ser feito, a gente já sabe que vamos ficar mais leves da carteira e que a vida vai ser infernal para muitos mas como é que isso se vai fazer é que não fazemos ideia e, pelos visto só vamos ficar a saber à medida que os bolsos forem ficando mais arejados.

Na próxima semana o meu primo vem cá de férias, se alguém precisar de uma mãozinha a mudar o nome das suas coisitas é só dizerem, afinal temos de ser uns para os outros e irmo-nos safando não é?

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